ROSA MÃE
( BRASIL – SÃO PAULO )
Vive em Monte Alto (SP).
Folhinha Poética – 2012:
Da gastronomia e outras fantasias
Trago um garfo espetado num olho!
Já tentei abri-lo mas sangrou, o olho.
Tentei tapá-lo, guarda-lo p´ra mim, mas qual não foi o meu espanto
quando me perguntaram o porquê do olho espetado e assim qual
[“o olho
vai nu!”, vi com a lama o olho a descoberto. Aberto o outro, o olho
direito, ou o pouco que se pode chamar de direito por estar agora
vesgo, espreitava por cima da ponte do nariz, mas tudo o que dali via
era o cabo e o rabo do garfo que abanava feliz.
Caminhei fingindo que não existia, tal qual insulto de orelhas moucas,
mas mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo de um
[ olho.
Sem poder tapá-lo ou fingir que não existe, vou andando com o cabo
em riste, fintando os goleadores que por amor ou outras dores,
[pancadas
no garfo me dão.
Os dentes já estão lá dentro, inoxidáveis de contentamento, mais
espetado não pode estar. Sigo tentando, com volteios mais ébrios do
que sóbrios, a outra garfada escapar.
*
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Página publicada em novembro de 2023
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